sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Uma chuva fina que irrita, mas está lá!

A chuva fina só é percebida quando cai suavemente no corpo.
Não se vê pela janela.

Um culex pipens só é percebido quando passa próximo ao ouvido humano.
Não se vê antes do barulho e as vezes nem depois também.

Uma columba livia só é percebida quando alguém sente algo molhado em sua cabeça vindo do céu.
Não é notada la em cima antes do estrago.

A conta de luz que não foi paga só é percebida quando já foi cortada.
Não se lembra da conta até então.

A saudade só é percebida quando seus sentidos não reagem aos teus comandos mais.
Era imperceptível.
Mas não pode viver sem esse alguém. Assuma!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

angulos imperfeitos porém exatos.

Disfarça até as estrelas no céu.
Como não disfarçar o que tem dentro de si?
E quando tinha tão perto todas as imagens não via verdades nelas e agora que estão distantes?
Enxerga mais delitos do que antes.
E as verdades?
Nunca existiram verdades nessas imagens. De qualquer angulo era visto crime em nenhum angulo era visto verdade.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

auto prisão.

Eu costumo ser prisioneira.
De falas, de roupas e de cores.
Principalmente de cores. Mas eu disse: chega!

Todo final de ano é isso. Que cor devo usar na passagem de um ano para o outro?
Tudo começou com significados populares. Esperança? Use verde, mas se precisar de dinheiro use amarelo, meu bem. E por aí vai. Então se eu achasse que precisava de algo que eu não tive eu tratava de pesquisar que cor deveria ser minha roupa na passagem de um ano para outro.

Depois foi piorando. Eu decidia a cor da roupa por numerologia. Todo santo ano era a mesma coisa eu via na numerologia nāo só a cor da minha roupa como da minha família. Eu mandava emails para todos e dizia tua cor é essa.

Esse ano eu resolvi me libertar. Uso todas as cores que o "figurino" manda e continuo acima do peso, ganhando mal, me machucando por amores, tendo amigos mais falsos que dolar do banco imobiliário, com a saúde frágil e com a esperança mais equivocada que informaçao de estelionatários. Para que usar a cor boa para o ano novo? Ah, para se divertir ou entrar no clima do ano novo?

Ahhhhh não. Obrigada. Uma garrafa de Chandon me diverte muito mais que uma cor imposta que me faz acreditar no irreal e digo que o Chandon ganha nesse quesito também.

Que venha 2012 na cor que eu quiser do jeito que eu quiser e com quem eu quiser perto de mim.

Meu nome é Gika Ferreira e eu ja fui prisioneira de mim. Posso dizer que fui curada por mim.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Urubus pela manhã.

Eu cansei de carregar urubus nos meus ombros.
Se eu pudesse escolher eu não os carregaria mais.
Voa alto e quando plana procura meus ombros mais uma vez.
E eu digo que cansei.
É como se cortasse meu pescoço ao ver um urubu em meus ombros.
É como se enforcasse meu pulso cada vez que calada percebo um dos urubus vindo ao encontro dos meus ombros.
Pesam.
Machucam.
Assustam.
Cansam-me cada urubu desses nos meus ombros.
Eu digo que cansei.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Troca-se máscaras por escudos.

Eu era do tempo em que o tempo demorava a vir. Eu sou do tempo em que o tempo não é justo nunca. Serei do tempo em que o tempo de um jeito ou outro me suavizará.
Quem é você?
Seria capaz de responder na lata “quem” ou “o que” você é?
Ate um tempo atrás eu era incapaz. Eu usava mascaras como vestimenta. E se me fizessem essa pergunta eu gaguejava tanto porque nem eu sabia quem eu era devido tanto disfarce.
Eu disfarçava desde sonhos até tristezas. Eu praticamente era como uma boneca com vida e ironicamente sem vida nos olhos. Ninguém nunca me chacoalhou para me alertar que minha vida não era um baile de máscaras. Você deve estar pensando: “Queria ser como ela assim ela nunca deve ter se machucado”. Pois não? Essa é a parte que dou muitas risadas. Machuquei-me aos montes porque eu escolhi máscaras erradas nenhuma nunca foi de guerreira era sempre de borralheira e sem final feliz.
Eu deixei que me atropelassem.
Eu deixei que me ferissem.
Eu deixei que me espancassem.
Eu deixei que me esfaqueassem.
Eu deixei que me matassem sem morte explícita.
Eu deixei que levassem minhas máscaras que de disfarce nada tinham. Todas as máscaras deixavam meus olhos a mostra e que disfarce era esse? Olha profundamente nos meus olhos e saiba tudo que carrego dentro e fora de mim, desde pele até a mágoa mais dolorosa.
Por isso eu troco todas essas máscaras sem utilidade por escudos.
Eu choro por sonhos que viraram nuvens se desfazendo.
Eu choro por amores que viraram poesia mal feita.
Eu choro por traições que viraram incêndio que não se apaga.
Eu choro por perseguições que viraram vídeo game antigo.
Eu choro por uma vida indevida e mal vivida por mim.
Escudos? Sejam bem vindos seremos eu e você como um apenas eu.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Paradoxo Perfeito.

Já entrei em crise quando era criança para saber se eu existia mesmo que até cheguei a me chamar pelo meu nome quase numa gritaria terrível. Você pode estar se perguntando se eu respondi ao meu chamado?
Não! Eu não respondi.
O que fez aumentar a minha dúvida em relação a minha existência.
Você também deve estar se perguntando o por que eu me chamei?
É. Eu me pergunto isso até hoje. E não eu não respondo a minha pergunta pelo simples fato de não saber por que eu me chamei naquela época e o por que até hoje eu falo comigo mesma e ainda assim tenho dúvidas sobre minha existência. Confuso?

Dá para acreditar que alguém tenha um vício incontrolável por relógios e óculos escuros? Sim, é de se acreditar. Mas, e se essa pessoa que coleciona relógios tem uma dificuldade em entender os ponteiros e se embaralha para acertar as horas? E na maioria das vezes se atrasa em seus compromissos? E eu pergunto: Para que tantos relógios?
Ah! E seus milhares de óculos escuros de diferentes cores, marcas e modelos? Para que serve se a colecionadora prefere sair à noite?
Por isso eu digo que quando alguém me diz: “Você não existe” chego a acreditar na hipótese.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Faltava vida na vida dela!

Tão leve e estonteante.
Acho que nunca a vi assim.
A não ser hoje.

Que noite proveitosa essa e combina com o vestido dela.

Um corpo pronto para o vento gelado que ela certamente encontrara se sair por essa porta. Ah e ela vai sair!

Ela vai sorrir para todos que cruzarem seu olhar nessa noite tão dela.

No seu pescoço ossudo ela carrega um colar de pérolas, nas mãos uma bolsinha do estilo carteira preta com lantejoulas que parece ter roubado o brilho dos olhos dela.
Apenas o que está preso nela é o cabelo que num coque clássico esbanja serenidade. Além disso, em seu peito carrega esperança e confiança de que seus desejos se concretizem.

Acho que eu nunca a vi assim.
Que fique para sempre dessa maneira, tão cheia de vida.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Transtorno de Ansiedade !

Está demorando.
Não que eu esteja esperando.
Mas demora tanto!

Cada pequena coisa está fora do seu devido lugar.
Não que eu esteja reclamando.
Mas está demorando e nada esta como deveria!

Eu já dormi e acordei umas mil cento e cinqüenta e sete vezes.
Sonhei que eu me afogava e quando acordei me assustei. Virei para o outro lado e dormi novamente dessa vez sonhei que eu ganhava o Oscar. Acordei e enquanto me distraía com algumas sombras na parede eu conseguia roer todas minhas unhas de uma só vez. Dormi e acordei e dessa vez sem sonhos e nem pesadelos. Olhei no relógio e a hora não passou.
Não que eu esteja vigiando.
Mas está demorando para as horas passarem e as coisas voltarem ao normal!

sábado, 3 de dezembro de 2011

robótica.

Eu não deveria saber tanto a meu respeito.
Nem deveria ter livre acesso aos meus pensamentos.
Tão pouco eu deveria ter poder de decisão em relação às minhas escolhas.

Já que eu não me protejo e inclusive tenho a sensação de que eu não me pertenço.

Não existem calendários.
Os meses são iguais e os dias são eternos.
Não passo de uma imitação de mim mesma!

Parece que visto a mesma roupa sempre e em instantes parece que estou nua.
Eu tento puxar todos os fios de uma vez, mas eu não me permito. Talvez por medo de que tudo fique pior.

Não existe sentido.
A vida existe por circuito manipulado
Minha fala é codificada e meus sentimentos programados.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ser cheio de vazio.

É tão cheia... De vazio.
Tão sem ar e sem vida.

Uma imensidão de vazio!

Um rosto até que viril
Mas de que adianta se é vazio?

Engana
Mas é de toda sem nada.

Se embola no meio de todos
Se articula sem esforços

Logo não esconderá mais seu vazio.

Acorda e se olha
Chora tanto em não ver realidade em si
Deita e não dorme
Chora tanto em não sentir-se em si

É tão cheia de vazio.