domingo, 12 de fevereiro de 2017

Novo Título

Como se fosse um cofre cheio de ouro, mas sem senha.
Quem poderia dessa riqueza usufruir?
Como se fosse uma mercadoria sem preço, mas com valor.
Quem poderia dessa pechincha beneficiar-se?

O complicado é muito mais atrativo
Uma fogueira para quem sente frio, não basta!
As melodias dissonantes ferem
Um samba de uma nota só, não tem batuque!

De todos os filmes nenhum me satisfaz, como o meu.
De todas as músicas nenhuma me embala, como a minha.
De todas as poesias nenhuma me quebra, como a minha.
De todas as cores pintadas em pedras nenhuma é borrada, como a minha.

Que suplício era esse que eu não carrego mais?
Devia doer, porque desse suplicio fiz pó.
Que suplicio era esse que eu não carrego mais?
Que seja, não sobrou... assoprei e se foi!

segunda-feira, 24 de março de 2014

A arte do adeus


Eu trocaria toda essa intuição que carrego comigo desde garota, por qualquer outro dom, eu cansei! Eu sinto, me boicoto, acho que é bobagem mesmo com o coração apertadinho, fecho os olhos, inspiro e ao abrir os olhos... A queda. Não que eu fique muito tempo caída, é surpreendente a forma com que eu me recupero, me conserto, me costuro e me firmo. Mas digo que cansei.

Eu não pretendo riquezas, nada que não seja meu, muito menos não pretendo mais do que é de meu merecimento. Apenas é de pretensão minha que no decorrer dos dias minhas cores permaneçam intactas, e já vejo cores desbotadas em minha face.

Que seja mimo meu, mas como é de partir o coração ver tanto sentimento bom escorrendo em aguas turvas. E quando me aproximo de aguas mornas e lucidas eu não consigo que elas toquem meu rosto, chego bem próximo... Mas os dedos não alcançam.

Não quero os anéis de saturno porque nem saberia o que fazer com eles.

Mas para ti, eu não passo de uma musica brega, que só pode aprecia-la quando escondido.

Quero o meio termo, aquele que não precisa declarar e nem esconder.

Aprendi a muito custo que o que não é natural não brilha e adoece aos poucos a alma.

Essa intuição, um dia... Terá que ir passear.  

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tantas as formas de amor e logo de cara ja recusou a primeira?


Gosto de linguagem formal apenas quando posso bagunçar teus cabelos enquanto fala.
Gosto de correr na chuva de mãos dadas e apenas solta-las para apressar-me a tua frente para que me busque agarrando minha cintura até que entrelace tuas mãos nas minhas novamente.
Gosto de rir junto com você em pensamento e amo quando le tudo o que eu sinto sem eu ter a necessidade de traduzi-los.
Gosto de imaginar como nossos rostos seriam quando velhos e amo dançar nos teus sonhos com vestido azul turquesa de seda.
Gostaria um dia de vê-lo errar o português e eu seria capaz de pular alucinadamente de alegria, além de ver-te com roupas amarrotadas ou sujo de tinta sem pressa para limpar-se.
Gostaria de fechar seus olhos com minhas mãos e dizer baixinho em teu ouvido o quanto é amado e ver-te feliz por ouvir isso.

Não culpe o rumo incerto, destinos mal traçados, o tempo ou simples lamentos. Eu não dei nomes a nada e também não o nomeie para que fizesse tal tarefa.

Acho estranho a maneira como você resolve teu medo de um tempo chuvoso se escondendo da chuva e inclusive como consegue não banhar-se em um riacho refrescante quando teus pés já tocaram mesmo sem tua vontade, aquelas aguas frias em um dia estupidamente quente.

Eu não sei partir
Mesmo partida!
Eu nao sei partir
Mesmo me partindo!
Eu nao sei partir
Mesmo já partindo!

E o que eu não disse é que nao esperava apenas amor de amantes e sim algo bem maior... Eternidade no colo, aconchego, porto seguro, fidelidade nos desabafos, abraços, consolo e aquele amor de aceitar-te mesmo como esta agora...Calado! 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Não tem príncipe e nem princesa


Eu nunca usei blusa marrom, bebi uísque, nadei com golfinho, vi um disco voador, tomei leite com manga, dei um mortal, abracei um anão, vi fantasmas, fui assaltada, atirei o pau no gato, dirigi um trator, senti a neve, resolvi um cubo mágico, tive uma casa na arvore, enterrei um tesouro, pedi carona na estrada, fiquei perdida em um passeio na floresta mesmo porque eu nunca fui a um passeio na floresta, e nunca em toda a minha vida assumi que eu uso calcinha bege.  Certas coisas que eu nunca fiz talvez eu nunca faça ou por medo, gosto ou por falta de oportunidade, mas têm certas coisas já realizadas que deixam na minha memória certo gosto, cheiro e vontade de realizar de novo como se nunca tivesse feito.

Normalmente, quando estou triste ou ansiosa, eu compro um par de chinelo de dedo, chocolates ou dvds, as vezes compro os três dependendo do grau do sentimento. Minhas refeições não levam mais de 10 minutos, na verdade nunca contei, mas não duvido que eu consiga comer um prato em 5 minutos e depois sempre prometo comer devagar nas próximas refeições e nunca cumpro.  Eu acho sexy pessoas que piscam depois de dizer um “obrigado”, sempre acredito que o que dizem é exatamente o que pensam, e acho lindo uma fruteira com cerejas, mas detesto o gosto delas. Tenho dificuldades com relógios de ponteiros, rotas e caminhos, combinação de cores, segurar o choro ou o riso, esperar acabar o jantar para comer a sobremesa, de acordar ou dormir cedo, em dizer “paralelepípedo”, em fazer algo por pura obrigação, de ir embora quando quero ficar e muita dificuldade em aceitar que o ser humano é um bicho muito estranho.

Quando eu estava no primário eu tinha um amiguinho que eu adorava muito, achava ele legal, divertido e sempre estávamos próximos, até que um coleguinha nosso o chamou de retardado em um recreio qualquer e assim ouvi pela primeira vez a palavra “retardado”, como foi usada para classificar uma pessoinha que eu tanto gostava achei que seria um elogio e então chamei uma coleguinha da sala de retardada depois que ela me ofereceu uma bala, ela foi correndo contar para a professora que me deixou uma semana sem recreio.  Lembro como se fosse ontem, quando a mesma professora uma vez nos perguntou como foi nosso dia das crianças e um por um detalhou seu dia, um menino disse que o pai o levou ao campo de marte... Aquela noite eu não dormi imaginando ele junto com a família jogando bola com os marcianos! Ouvindo uma conversa de adultos se lamentando porque o ingresso de tal show estava esgotado eu fiquei imaginando como eles deixaram aqueles ingressos cair no esgoto e porque não compravam outros ingressos logo ao invés de ficar choramingando. Até mais ou menos uns sete ou oito anos de idade eu pensava que as manequins em vitrines de lojas eram corpos de gente que já faleceu, via láctea era um doce muito caro, bombeiro era rico, piloto de avião era super-heroi, astronauta era extra terrestre, o Ziraldo uma criança com cara de adulto, os trapalhões eram irmãos sem pai nem mãe, borboletas viviam em asilos e os velhos nos casulos, o papai noel era o homem do saco disfarçado, filme proibido era história de piratas, que homem não chora, mãe curasse qualquer machucado e que o amor era lindo.

 

 

 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Amiúde


Quem foi que permitiu a noite se calar e transformar em pigmentos azuis e vermelhos o que em poucos minutos era negro no céu, sem que você unisse a paz com a euforia em mim de apenas lhe desejar que seu sono fosse leve até que por fim desejaríamos um ao outro que a manhã fosse tranquila mesmo que singelamente, você daí e eu daqui.

Nesses mesmos olhos de menina sem brinquedo eu tenho faróis que iluminam o que no peito já se fez escuridão. Nessa mesma voz suave e baixa existe silêncio, e por tudo, me mantenho calada, mas nem tão menos machucada.

Não vejo como descuido ou tão pouco a tal da ilusão que seria clichê e fora de propósito, não vejo nem como certo e nem errado e muito menos vejo como substituições ou invenções. Mas não sei dizer como vejo, insensato ou impensado, mas nunca de mentira.

De tantos outros foi herdado a náusea, o abstrato feito da falta de amor daqueles braços entrelaçados que aos poucos foram se soltando até cada um estar para o seu lado, um em cada leito, um em cada canto, em outro mundo.

Nunca é igual e nunca vai ser diferente.

Eu tive respeito por uns e por outros eu tive vergonha, compaixão por uns e por outros repugnância. Por todos, eu tive aprendizado e por nenhum eu tive orgulho. Por uns, eu tive tolerância e por outros eu tive indiferença, arrependimento por uns e por outros satisfação. Por todos eu tive momentos bons e por nenhum eu os repetiria.

E talvez não seja nem a primeira e muito menos a ultima vez que eu perguntou agora aos quatro cantos deste cômodo em que me aquieto... Quem foi que permitiu a noite se calar e transformar em pigmentos azuis e vermelhos o que em poucos minutos era negro no céu, sem que você unisse a paz com a euforia em mim de apenas lhe desejar que seu sono fosse leve até que por fim desejaríamos um ao outro que a manhã fosse tranquila mesmo que singelamente, você daí e eu daqui, mais uma vez?

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Tudo é uma questão de troca

Troco um amor sufocante por uma grande admiração, prezo por uma presença e uma distância devidamente apreciada; sem exageros. Troco juras e promessas por momentos especiais e concretizações. Espero que as mãos não só se entrelacem como também se guiem se apoiem se esquentem.

Troco fotos sorridentes por gargalhadas espontâneas. Não conto com perfeições e muito menos com destruições. Não quero ver estrelas muito menos as cinzas e não espero que seja tudo perfeito e muito menos imperfeito. Mas gostaria de equilíbrios e desequilíbrios talvez de forma homeopática ou sincronizada.

Troco mentiras por transes alcoólicas nas noites de paixão e ilusões por personagens inventados por dois. Desejo saltar das alturas e aquietar em chão duro, caminhar em pedras de tecido macio e alcançar nuvens palpáveis. Poderia haver enganos apenas nas doses; nunca na formula. Poderia haver desencontros apenas nos surtos nos músculos; nunca nos olhos ou nos lábios, tão pouco nos sentidos e sentimentos.

Troco todas as cores relacionadas ao amor por uma única, talvez duas; preto no branco. Seria capaz de ser eu mesma desde que fosse recíproco, mesmo não sendo eu seria eu mesma também.

Troco todos os beijos por um único, mesmo que não seja dado. Troco todas as historias por apenas um conto. Não quero caminhos escuros muito menos os indecisos. Eu não tenho muitas exigências talvez tenha sonhos a mais.

Mas todo mundo precisa de alguém do lado que se faça respeitar e que também respeite. Precisa de alguém desafinado para amar, ficar bêbado em madrugadas de luar acompanhado de um amor que também aproveite a ressaca do nascer do sol ou até mesmo quando amanhece com chuva e temporais.

Todo mundo precisa um dia gritar “eu te amo” para alguém da Torre Eiffel ou até mesmo no Borba Gato, de ser fotografado aos beijos no Castelo de San Juan de Ulúa ou até mesmo na Praia Grande.

Todo mundo precisa de alguém que pule sem vergonha do seu lado em um show da Preta Gil ou que se emocione em um filme de Almodóvar. Precisa de alguém que não tem nada a ver com seus costumes, mas faz o possível para se encantar com cada diferença e fazê-la uma igualdade de opostos, um antidoto de cada diferença que o outro abertamente mostra ter.

Todo mundo precisa de alguém com segundas intenções além das primeiras, terceiras e milhares de intenções boas.

Só que esta faltando o todo, esta faltando o mundo... Esta faltando tudo.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Não cabe picaretagem no meu coração e eu não preciso de sapatos

Se a vida fosse dividida em pastas arquivadas quantas pastas vazias teriam na sua, quantas pastas você queimaria e quantas pastas você guardaria com zelo?

Confesso que organização não cabe em minhas virtudes e que dificilmente me desfaço dos meus pertences, mas não misturo sapatos com chapéus.

Eu gosto de cores fortes assim como as bebidas e também gosto de vento na cara assim como a verdade crua. Gosto de sol queimando a pele, mas também gosto da chuva molhando meu rosto. Gosto de correr e de vez em quando eu paro a ponto de nem piscar os olhos.  Gosto de janelas sem cortinas e paredes pintadas. Gosto de dançar com rosto colado, mas também de dançar sozinha quando ninguém esta por perto.

Tenho uma imaginação cruelmente ampla e uma intuição perigosamente cortante e mesmo assim permito que me enganem com palavras ilusórias, sorrisos disfarçados, toques irreais e sentimentos picaretas e o aprendizado parece evaporar diante próximos enganos.

No meio de flores limpas existem flores envenenadas, encontra-se erva daninha em plantações, frutos podres nas cestas de um piquenique comum, urubus em janelas que pedem sabiás e corações frios juntam-se com corações frágeis, uma picaretagem.

Eu não sei ver veneno em flores, não vejo praga onde existe natureza, não vejo como um alimento pode “desalimentar” ou matar, não vejo maldade onde existem asas e muito menos frieza num órgão onde só sobrevive com calor.

Eu gosto de pés no chão e calos expostos assim como cabelos ao vento, eu gostaria de libertar o que fica calado e dolorido por dentro... Ah, se um vento fora de hora levasse todas as mágoas com tanta facilidade como se leva um chapéu.