Nunca abro a janela pela manhã e quando anoitece eu não procuro me acolher,
quero a noite ferindo o meu rosto e que seu cheiro golpeie minha alma.
Nunca abro a janela pela manhã e tento sempre esconder meus olhos da luz do sol,
quero a escuridão de encontro com meus medos, caprichos e desejos.
Não pretendo compreender o mundo tão pouco do pedaço em que faço parte,
quero as verdades que pertencem a mim sem precisar espreme-las.
Não pretendo compreender o mundo visto pelo outro,
quero que minhas raízes não se enfraqueçam a cada tropeço meu.
Já vendi sorrisos meus de um estoque falido para não ter que prestar contas,
é a pior dor de todas.
Já fiz das minhas lágrimas prisioneiras em um quarto assombrado para que elas sumissem de mim,
é uma outra dor pior de todas.
Não que eu não ame mais a noite, mas e se eu quisesse provar da manhã agora?
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