O corpo pára, mas a cabeça não.
Deitada, quieta e tão pensativa!
Eu quero mudar tudo de uma única vez e passa pela cabeça tudo que de velho eu quero jogar fora. E visualizo no meu lixo desde sapatos até hábitos antigos que precisam ser deletados com urgência.
Talvez mudar os móveis de lugar ou jogar fora aquela caixa fechada por meses em cima do armário sem nem ver o que tem dentro.
Afastar pessoas que sugam minha essência eu já tenho feito. E digo que na primeira instância eu me senti tão fria e muito sozinha eu me senti abandonada e tão invisível. Chorei rios e depois de uns dias eu me acalmei.
Qual é o problema de estar sozinha? Nenhum. E eu já prometi para mim pelo menos por uma vez tentar ir num cinema, show, teatro ou viajar sozinha. Coisa que antes era inadmissível hoje eu começo a rever, será mesmo que ninguém pode ser feliz sozinho? Eu quero tentar.
Chega de especulações. De estar com alguém e ter que se explicar 24 horas por dia. Explicar por que saiu de saia e não de calça, por que não chegou na hora marcada, por que quer comer rabanete e não abobrinha, por que ainda tem o telefone daquele mocinho que te chamou pra sair quando estudavam juntos no primário na sua agenda, por que não quer sair, por que quer sair, por que existe.
De ter amigos que nada acrescentam e o pior que te faça se sentir invisível na maioria das vezes. Amigos que se aproveitam de oportunidades mesmo sabendo que isso te mata e não esta nem ai mesmo. Eu não preciso e nem quero isso para mim. Que se vá para longe e me deixe sozinha.
E aqueles amigos que querem "abrir seus olhos" de forma deturpada, pois quando você esta namorando diz que a pessoa não presta para você e quer te apresentar “um monte de carinhas” bem mais bonitos e interessantes que aquele que esta com você, mesmo você dizendo que não quer! Amigos que te chamam para viajar mundo a fora e quando você diz que não largaria o namorado aqui para ir riem da sua cara e fala que você esta perdendo sua vida, seu tempo, tudo por causa de uma pessoa que não tem nada a ver com você. Esses mesmos amigos que quando você termina o namoro (que eles mesmos tanto botaram fogo para que acabasse mesmo) não te da apoio e muito menos um abraço despretensioso. E todos aqueles convites deixam de existir, as festas desaparecem, os “carinhas mais bonitos” somem, as viagens animadíssimas mundo a fora era para quando mesmo? Nada... Viram pó. Deixe-me sozinha também querido amigo impostor.
Eu sempre fui intolerante a essas coisas sem magia, de má fé, que machuca tanto. Eu estou bem longe de ser perfeita, de agradar as pessoas, de ser padrão, mas tem coisas que não faço nem sendo torturada. Não invento sentimentos, não faço o que não quero só por comodismo, modismo ou para “ficar bem na fita” e meu erro é pensar que as pessoas agem assim também.
Não, eu não estou deprimida, machucada talvez sim. Mas eu quero tanto provar para mim que eu não preciso de “amigos impostores” só para posar numa foto sorridente ao lado deles bebendo um vinho como se tudo fosse um filme de Almodovar. O que eu preciso é da verdade tatuada no meu rosto de uma vez por todas. De que sozinha eu ficaria bem.
É que viver é uma arte, ninguém disse que seria fácil nem de um jeito nem de outro. Mas confiar nos outros é coisa que já risquei do meu manual de sobrevivência. Por que nessa selva em que leões comem os bichos mais indefesos uma coisa deveria ser lei: Já que vai atacar que faça cara de ataque então.
Noturna
Há 12 anos